sábado, 30 de abril de 2011

O LIVRO DE LEVÍTICO

TÍTULO E CARÁTER: Na versão grega este livro recebeu o nome de Levítico porque trata das leis relacionadas com os ritos, sacrifícios e serviços do Sacerdócio Levítico. Nem todos os homens da tribo de Levi eram sacerdotes. O termo “levita” referia-se aos leigos que faziam o trabalho manual do tabernaculo. O livro não trata destes “levitas”, porém o título não é inadequado porque todos os sacerdotes eram efetivamente da tribo de Levi.
Embora o livro de Levítico tenha sido escrito principalmente como manual dos sacerdotes, encontra-se muitas vezes a ordenança de Deus: “Fala aos filhos de Israel”, de modo que contém muitos ensinamentos para toda a nação. As leis que se encontram em Levítico foram dadas pelo próprio Deus (Lv.1:1; Nm. 7:89; Êx. 25:1), de modo que tem um caráter elevado.

RELAÇÃO COM ÊXODO E COM NÚMEROS: A revelação que se encontra em Levítico foi entregue a Moisés quando Israel ainda se encontrava acampado diante do Monte Sinai (27:34). Segue o fio da última parte de Êxodo, que descreve o tabernaculo. A seguir, Números continua com o conteúdo de Levítico. Assim os três livros formam um conjunto e estão estreitamente relacionados entre si. Todavia, Levítico se difere dos outros dois em que é quase totalmente Legislativo. Narra apenas três acontecimentos históricos: a investidura dos sacerdotes (Caps. 8 e 9), o pecado e o castigo de Nadabe e Abiú (cap. 10) e o castigo de um blasfemo (24:10-14, 23).

PROPÓSITO E APLICAÇÃO: Assim como Êxodo tem por tema a comunhão que Deus oferece a seu povo mediante sua presença no tabernaculo, Levítico apresenta as Leis pelas quais Israel haveria de manter essa comunhão. O Senhor queria ensinar seu povo, os hebreus, a santificar-se. A palavra santificação significa apartar-se do mal e dedicar-se ao serviço de Deus. É condição necessária para desfrutar da comunhão com Deus. As leis e as instituições de Levítico faziam os israelitas tomarem consciência de sua pecaminosidade e de sua necessidade de receber a misericórdia divina; ao mesmo tempo, o sistema de sacrifícios ensinava-lhes que o próprio Deus provia o meio de expiar seus pecados e de santificar sua vida.
Deus é santo e seu povo há de ser santo também. Israel deve ser diferente das outras nações e deve separar-se de seus costumes. “Não fareis segundo as obras da terra do Egito... nem fareis segundo as obras da terra de Canaã” (18:3). O pensamento chave encontra-se em 11:44, 45; 19:2: “Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. A palavra “santo” aparece setenta e três vezes no livro! O tabernaculo e seus moveis eram santos, santos os sacerdotes, santas as suas vestimentas, santas as ofertas, santas as festas, e tudo era santo para que Israel fosse santo. O apostolo santo sintetiza este principio e aplica aos cristãos: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (I Co 10:31).
Nota-se a santidade divina no castigo do pecado de Nadabe e Abiú (cap. 10), e o do blasfemo (24:10-23). A santidade de Deus impõe leis concernentes às ofertas, ao alimento, à purificação, à castidade, às festividades, e outras cerimônias. Somente por seus mediadores, os sacerdotes, pode um povo pecaminoso aproximar-se do Deus santo. Tudo isto ensinou aos hebreus que o pecado é que afasta o homem de Deus, que Deus exige a santidade e que só o sangue espargido sobre o altar pode espiar a culpa. De modo que Levítico fala de santidade, mas ao mesmo tempo fala de graça, ou possibilidade de obter perdão por meio de sacrifícios.

ASSUNTO: Santidade ao Senhor!

ESBOÇO:

1)Sacrifícios caps. 1-7.
A) Matéria dos sacrifícios caps.1-5.
B) funções dos sacrifícios caps. 6,7.
2) O Sacerdócio caps. 8-10.
A) A consagração de Arão e seus filhos caps. 8-9.
B) Pecado de Nadabe e Abiú, cap.10.
3) Purificação da vida em Israel caps 11-15.
A) Leis referentes ao puro e ao impuro cap. 11.
B) Lei referente ao parto cap. 12.
C) Diagnostico e modo de enfrentar a lepra caps. 13-14.
4) Leis de santidade caps. 16-27.
A) O grande dia da expiação cap. 16.
B) Sacrifício e importância do sangue cap. 17.
C) Pecados contra a lei moral caps. 18-20.
D) Regras para o sacerdote caps. 21-22.
E) Festas sagradas caps. 23-25.
F) Provisão para o tabernaculo; o blasfemo cap. 24.
G) Promessas e ameaças, cap. 26.
H) Votos e dízimos cap. 27.

SIGNIFICADO E VALOR DO LIVRO:
Através deste livro podemos entender outros livros da Bíblia, principalmente sobre o livro de Hebreus. Além de entendermos todas as demais referencias bíblicas aos sacerdotes, em seus contextos e instituições e atribuições. O livro também apresenta princípios elevados da religião, conquanto estabeleça normas e cerimônias. Deve-se descartar a casca (a forma antiga das leis) e guardar o grão (o principio moral ou espiritual). As leis e cerimônias de Levítico mostram como Deus opera para remover o pecado mediante o sacrifício e a purificação, como Deus atua  contra pecados sociais por meio do ano sabático e do ano jubileu, e como ele enfrenta a imoralidade por meio das leis da castidade e também mediante promessas e ameaças. É notável que em Levítico se encontra o sublime preceito: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (19:18).
Finalmente, este livro tinha o propósito de preparar a mente humana para as grandes verdades do Novo Testamento. Levítico apresenta o Evangelho revestido de simbolismo. Os sacrifícios da antiga aliança, especialmente o do grande dia de expiação, antecipavam o sacrifício do mediador da nova aliança. Para entender cabalmente o Calvário e sua glória redentora, temos de vê-lo à luz do livro de Levítico; este livro põe em relevo a verdadeira face do pecado, da graça e do perdão, e assim prepara os israelitas para a obra do Redentor.

CONTEÚDO E METODOLOGIA:

Sacrifícios:

Como a revelação era o meio que Deus usava para aproximar-se de seu povo, assim o sacrifício era o meio pelo qual o povo podia aproximar-se de Deus. O Senhor ordenou: “Ninguém aparecerá vazio diante de mim” (Êx. 34:20); Dt. 16:16).
Como se originou o sacrifício?

O sistema sacrificial foi instituído por Deus para ligar a nação israelita a ele próprio. E não obstante os sacrifícios remontam ao período primitivo da raça humana, quando Caim e Abel, despontam na história como os primeiros que ofereceram sacrifícios ao Senhor. A idéia sacrificial ficou gravada na mente humana e o costume foi transmitida a toda a humana, num senso deidade. Com o passar do tempo, os sacrifícios oferecidos pelos que não conheciam a Deus, uniram-se aos costumes pagãos e a idéias corruptas como, o conceito, por exemplo, de que os deuses literalmente comiam o fumo e o odor do sacrifício.

O sistema mosaico de sacrifícios; o objetivo:

O motivo básico dos sacrifícios é a substituição e seu fim é a expiação. O pecado é sumamente grave porque é contra Deus. Além do mais, Deus é “tão puro de olhos que não pode ver o mal” (Habacuque 1:13). O homem que peca merece a morte. Em seu lugar morre o animal inocente e esta morte cancela ou retira o pecado.
A alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas.” (Lev. 17.11).
Deus designou o sangue como sacrifício, pois é considerado como principio vital, não tem significado em si mesmo, senão como símbolo e demonstração de que um animal morreu em seu lugar, para pagar pelos seus pecados. Simboliza uma vida oferecida pela morte. Ao espargir sangue sobre as pessoas ou coisas, mostra-se que elas se aplicam os méritos dessa morte.
Esta possibilidade e alcançar expiação do pecado mediante um sacrifício substitutivo evidencia a graça divina e constituía o coração da antiga aliança. Sem possibilidade de expiação, a lei permaneceria esplendida, porém inatingível. Serviria apenas para condenar o homem. Por mais que o homem se esforçasse para cumprir a lei na íntegra, seria vencida pela fraqueza moral, inerente a sua natureza pecaminosa, e para cumprir todas as exigências de um sacrifício puro e perfeito, de uma vez por todas e para sempre, Jesus se ofereceu como sacrifício santo e insubstituível por toda a humanidade, para que através deles fossemos feitos santos e justos diante de Deus.
A segunda idéia relacionada ao sacrifício é a consagração. Também está presente a idéia da constante comunhão com Deus, nas ofertas de paz e em Cristo. Além da adoração no sistema sacrificial. Sacrificar equivale a prestar culto a Deus, atribuir-lhe glória por ser o Deus de quem dependemos e a quem devemos nos prostrarmos e submetermos em santidade.






Tipos de animais que se ofereciam:

 A lei não admitia mais do que a estas cinco espécies de animais como aptas para o sacrifício: a vaca, a ovelha, a cabra, a pomba e a rola. Estes eram animais limpos; o animal imundo não podia ser símbolo do sacrifício santo do Calvário.
Só eram sacrificados animais domésticos porque eram estimados por seus donos, caros e submissos. De outro modo não poderiam ser figura profética daquele que “como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Isaías 53.7). O animal tinha de ser propriedade do ofertante. Finalmente, deveria ser sem manchas, simbolizando desse modo o Redentor sem mácula.


A forma que se ofereciam os sacrifícios:

                                                              i.      O ofertante levava pessoalmente o animal a porta do tabernaculo onde estava o altar do holocausto.
                                                            ii.      Depois o ofertante punha as mãos sobre o animal para indicar que este era seu substituto. Em determinados sacrifícios este ato indicava a transferência de pecados para o animal, e em outros, a dedicação da própria pessoa mediante seu substituto; podia também indicar ambas as coisas.
                                                          iii.      O ofertante degolava o animal como sinal da justiça paga de seus pecados. Assim foi no caso de Jesus: a morte foi a conseqüência lógica de haver ele carregado o pecado de todos nós (Isaías 53.6). A seguir, o sacerdote derramava o sangue sobre o altar.
                                                          iv.      Segundo o tipo de sacrifício, todo o animal, ou uma parte dele, era queimado; o restante da vítima era comido na arca do tabernaculo pelos sacerdotes e suas famílias ou, no caso do sacrifício pacífico, pelos sacerdotes e pelos adoradores.
Tipos de ofertas:

  1. O holocausto. Capítulos 1:1-17; 6:8-13. Ele destacava-se entre as ofertas porque era inteiramente consumido pelo fogo do altar; era considerado o mais perfeito dos sacrifícios. Representava a consagração do ofertante, pois a vítima era queimada inteira para o Senhor. O termo holocausto significa “o que sobe”. Transformavam-se em fumo e chama, como cheiro suave as santas narinas de Deus.
  2. A oblação ou oferta de alimento. Capítulos 2:1-16; 6:14-23. A palavra traduzida por oblação significa em hebraico “aproximação”. A oblação não era um sacrifício de animal, consistia em produtos da terra que representavam o fruto dos labores humanos, incluíam flor de farinha, pães asmos fritos e espigas tostadas. Provavelmente não era apresentada sozinha, mas acompanhada dos sacrifícios pacíficos ou de holocaustos (Nm. 15:1-16). Uma porção pequena era queimada sobre o altar e o restante pertencia aos sacerdotes, salvo quando o sacerdote era o ofertante (em tal caso esse restante era queimado). Oferecia-se o melhor que o ofertante possuía, e isto ensina que nossas dádivas a Deus devem ser de alta qualidade. Também a oblação ensina aos crentes que lhes cabe sustentar os que ministram as coisas sagradas (I Co 9:1-14).Deitava-se azeite sobre a oblação. O azeite é símbolo do Espírito Santo. Oferecia-se incenso com a oblação. O incenso representa a oração, intercessão e louvor (Sl 141.2; Ap 8:3,4).
  3. O sacrifício de paz. Capítulos 3:1-17; 7:11-34; 19:5-8; 22:21-25. Era uma oferta completamente voluntária. Seu traço característico residia no fato de a maior parte do corpo do animal sacrificado ser comida pelo ofertante e seus convidados em um banquete entre Deus e os homens.
  4. O sacrifício pelo pecado. Capítulos 4:1-5:13; 6:24-30. Esta oferta destinava-se a expiar os pecados cometidos por ignorância e erro.
  5. O sacrifício pela culpa ou por diversas transgressões. Capítulos 5:14-6:7; 7:1-7. Era oferecida em caso de violação dos direitos de Deus ou do próximo, tais como descuido nos dízimos, pecados relacionados com a propriedade alheia e furtos. O ofensor que desejasse ser perdoado confessava com a restituição ao defraudado e adicionado a isso uma quinta parte como multa tirada de suas possessões. (Nm. 5:8).

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