A BÍBLIA:
“Deus se revelou ao homem e esta revelação ficou registrada na Bíblia (biblos=coleção de livros). Nascida no oriente e revestida de linguagem, do simbolismo e das formas de pensar tipicamente orientais, as Escrituras têm, não obstante, uma mensagem para a humanidade toda. Não narram uma revelação a uma só pessoa como os demais livros religiosos, mas uma revelação progressiva arraigada à história de um povo.”
A Bíblia é uma biblioteca de 66 livros, 39 livros no AT e 27 livros no NT, escritos por 40 autores num período de 1500 anos; apesar disso, nela existe um único tema a REDENÇÃO DO HOMEM.
Divide-se assim: Antigo Testamento e Novo Testamento.
O Antigo Testamento trata do relacionamento de Deus com o povo escolhido para ser o exemplo de homens e mulheres que servem a um único Senhor. O povo Hebreu foi chamado para serem: O depositário da Palavra Divina, ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações e ser o meio pelo qual viesse o Redentor.
Povo Hebreu:
Depositário da Palavra
Testemunha do único Deus
E meio pelo qual o Messias viria.
O Antigo Testamento a preparação do Redentor, Anúncio do Redentor, Preparação do Povo, os livros dividem-se assim:
O Pentateuco ou a Lei: Gênesis a Deuteronômio 5 livros
Históricos Josué a Ester 12 livros
Poéticos Jó a Cantares 5 livros
Proféticos Isaías a Malaquias 17 livros
O Novo Testamento trata da vida e obra de Jesus, e divide-se assim:
Os Evangelhos: falam da manifestação do Redentor;
Os Atos: falam da proclamação da mensagem do Redentor;
As Epístolas: trazem a explicação da obra do Redentor (Jesus);
O Apocalipse: relatam a consumação da obra do Redentor.
INSPIRAÇÃO
· A Bíblia tem tido uma enorme influência na História do homem. Ela continua sendo o livro mais freqüentemente traduzido. É inquestionável que a Bíblia seja amplamente acreditada como sendo a Palavra de Deus, um livro divinamente inspirado. Mas qual evidência existe para apoiar esta crença? Seria sem fundamento esta fé? O que podemos oferecer à pessoa que tem dúvidas sobre a inspiração da Bíblia?
· A inspiração é a influência do Espírito Santo sobre os escritores da Bíblia, para que as coisas que eles escreveram sejam exatamente o que Deus desejou revelar ao homem. A Bíblia declara ser o produto da inspiração. Paulo escreveu, "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra"(2 Timóteo 3:16-17). Aos Coríntios, ele escreveu que o Espírito Santo revelou as verdadeiras palavras que ele e outros usaram para ensinar a Palavra de Deus (1 Coríntios 2:10-13). Pedro afirmou que os profetas do Velho Testamento também falaram como foram levados pelo Espírito Santo (1 Pedro 1:11-12; 2 Pedro 1:20-21). Os próprios profetas declararam que estavam falando as palavras de Deus (por exemplo, Jeremias 1:2, 4, 9).
· A questão da inspiração da Bíblia é fundamental. Se a Bíblia é simplesmente um produto dos homens, então ela não tem mais autoridade do que qualquer outro padrão moral que o homem possa inventar. Por outro lado, se ela é na verdade a Palavra de Deus, então o padrão moral que ela apresenta é a expressão da autoridade de Deus.
Profecia Cumprida: Evidência de Inspiração· Há, naturalmente, muitas evidências da origem divina da Bíblia, mas a mais forte é a profecia cumprida, que é, em essência, a assinatura de Deus em seu livro, uma indicação inigualável de que ela é sua obra.
· O homem não pode conhecer o futuro; somente Deus pode predizer a História ou os acontecimentos. Somente Deus, pela sua onisciência, pode predizer com minúcias o que acontecerá a centenas de anos no futuro! Através do profeta Isaías, Deus emitiu o seguinte desafio aos falsos deuses adorados pelos homens:"Trazei e anunciai-nos as cousas que hão de acontecer; relatai-nos as profecias anteriores, para que atentemos para elas e saibamos se se cumpriram; ou fazei-nos ouvir as cousas futuras. Anunciai-nos as cousas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses; fazei bem ou fazei mal, para que nos assombremos, e juntamente o veremos" (41:22-23; veja também 42:8-9; 44:6-8). Deus indicou que a capacidade de predizer o futuro era um sinal de verdadeira divindade.
· A Bíblia predisse os destinos de nações e cidades. O Velho Testamento está repleto de minuciosas profecias a respeito da vinda do Messias: a natureza de seu nascimento, a vida e a maneira de sua morte.
· Se apenas Deus pode predizer o futuro e a Bíblia contem profecia cumprida, então a Bíblia é claramente a obra de Deus, um livro inspirado.
· De acordo com o Velho Testamento, a profecia cumprida era um dos sinais de um verdadeiro profeta, um guiado por Deus. Por outro lado, profecia falhada é o sinal de um falso profeta (Deuteronômio 18:20-22).
INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
· A Inerrância das Escrituras tem sido alvo de constantes ataques por parte da crítica desde os séculos passados e que hoje vem se fortalecendo no contexto do mundo pós-moderno. Entretanto, a cada dia que passa, a Inerrância e Infalibilidade têm sido reafirmadas não só por evidências interna como externas. O tempo passou, mas a Bíblia sobreviveu a todo tipo de questionamento, mostrando que realmente é a Palavra de Deus.
· O QUE É INERRÂNCIA?
· O dicionário Houaiss conceitua Inerrância como a “qualidade do que é inerrante”. Inerrante é “que não é errante; fixo imóvel”, “que não comete erros; que não se engana; infalível”.
· O QUE É INERRÂNCIA BÍBLICA?
· É a doutrina segundo a qual as Sagradas Escrituras não contêm quaisquer erros por serem a inspirada, infalível e completa Palavra de Deus (Sl 119:140) A Bíblia é inerrante tanto nas informações que nos transmite como nos propósitos que expõe e nas reivindicações que apresenta. Sua inerrância é plena e absoluta. Isenta de erros doutrinários, culturais e científicos, inspira-nos ela confiança plena em seu conteúdo (Sl 19:7).
· POR QUE A BÍBLIA É INERRANTE?
· O argumento em favor da inerrância da Bíblia pode ser descrito da seguinte forma lógica : “Deus não pode errar. A Bíblia é a Palavra de Deus. Logo, a Bíblia não pode errar”. As Escrituras testificam isso, declarando enfaticamente que “é impossível que Deus minta” (Hb 6:18). Paulo fala do “Deus que não mente” (Tt 1:2). Ele é um Deus que, mesmo quando somos infiéis, “permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo” (2 Tm 2:13). Deus é a verdade (Jo 14:6), e a Sua palavra também. Jesus disse ao Pai: “a tua palavra é a verdade” (Jo 17:17). O Salmista exclamou: “A verdade é a essência de tua palavra” (Sl 119:160).
· QUAIS AS EVIDÊNCIAS QUE COMPROVAM SUA INERRÂNCIA?
· Evidências internas:
· O testemunho dos Profetas - Os profetas enxergavam a Bíblia como infalível e inerrante
· (Dt 7:9; Ne 9:33; Sl 19:7; 40:10; 89:1; Lm 3:23).
· O testemunho de Jesus - O Senhor Jesus, em sua vida, reivindicou para a Bíblia: autoridade divina (Mt 4:4,7,10); Indestrutibilidade (Mt 5:17,18); Infalibilidade (Jo 10:35); Supremacia Absoluta (Mt 15:3,6); Inerrância factual (Mt. 22:29; Jo 17:17); confiabilidade histórica (Mt 12:40; 24:37,38) e precisão científica (Mt 19:4,5; Jo 3:12).
· O testemunho dos discípulos - Paulo (Tt 1:2; 2 Tm 2:13); Pedro (2 Pe 1:20,21); Tiago (Tg 1:17).
· Cumprimento das profecias - A mente que produziu a Bíblia mostra-se conhecedora dos fatos antes que se realizassem. Profecias do A.T. são citadas no N.T. como tendo se cumprido em seus dias como, por exemplo, os casos a seguir:
· Gn 3:15 O Messias viria da ”semente da mulher” Lc 2:7; Gl 4:4; Ap 12:5
· Mq 5:2 O lugar de seu nascimento Mt. 2:1 e Lc 4:4-7
· Is 7:14 Nasceria de uma virgem Mt 1:18; Lc 1:29-35
· Is 53:12 Seria crucificado com pecadores Mt 27:38; Mc 15:27,28; Lc23:33.
· Evidência Externas:
· Evidência de Manuscrito - Há manuscritos do NT disponíveis hoje que são datados dos séculos III e IV, e fragmentos que podem datar até mesmo no final do século I. Desde então, o texto permaneceu substancialmente o mesmo.
· Evidência Histórica - A Bíblia tem demonstrado sua inerrância na exatidão histórica dos acontecimentos, personagens, civilizações, lugares e até moedas, que tem sido confirmado pela arqueologia, numismática, antropologia e a paleontologia.
· Evidência Científica - Nesse ponto, chamamos de evidência científica as afirmações de maior
exatidão científica que, na época da produção do texto, era de absoluto desconhecimento dos fatos por parte dos escritores, mas que sob a orientação do Espírito Santo puderam afirmar verdades que só o Senhor sabia. Ex. A terra fundamentar-se sobre o nada (Jó 26:7); e a mesma possuir uma forma esférica (Is 40:22).
exatidão científica que, na época da produção do texto, era de absoluto desconhecimento dos fatos por parte dos escritores, mas que sob a orientação do Espírito Santo puderam afirmar verdades que só o Senhor sabia. Ex. A terra fundamentar-se sobre o nada (Jó 26:7); e a mesma possuir uma forma esférica (Is 40:22).
A Bíblia ou a Escritura é a revelação escrita de Deus para o homem, e deve ser nosso manual de regra de fé e prática diária, para crescermos no corpo de Cristo.
A Revelação de Deus para o homem acontece através da criação, pois a natureza anuncia as obras das suas mãos, também através da história, e do Evangelho, do Espírito Santo e através das nossas experiências pessoais. Porém devemos crer que a maior de todas elas é a sua Palavra Escrita na Bíblia.
A história e a formação do Canon, também atestam a Bíblia como a revelação de Deus para o homem. Através da tradução do latim para a Septuaginta, aconteceu o Canon, e a divisão dos livros canônicos e apócrifos, ou seja, os livros inspirados e os não inspirados.
Canon - o sentido desta palavra tem diversas aplicações, dentre elas, Escrituras Sagradas, consideradas como regra de fé e prática. A palavra cânon é de origem grega. Empregou-se, nesta acepção pelos primeiros doutores da Igreja, mas a idéia é mais remota. Para que um livro tivesse lugar entre os outros livros da Bíblia, precisava ser canônico; outro livro, sem os requisitos necessários para tal fim, chamava-se não canônico.
A literatura sagrada evoluiu gradativamente e foi cuidadosamente vigiada.
Os dez mandamentos escritos em tábuas de pedra, e que eram a constituição de Israel, foram guardados em uma arca, Ex 40.20. Os estatutos foram registrados no livro do pacto, 20.23, até cap. 23.33; 24.7. O livro da lei, escrito por Moises, era colocado ao lado da arca, Dt 31.24-26. A esta coleção se ajuntaram os escritos de Josué, Js 24. 26.
Samuel escreveu a lei do reino e a depositou diante do Senhor, 1Sm 10. 25. No tempo do rei Josias, o livro da lei do Senhor, o bem conhecido livro, foi encontrado no Templo e reconhecido pelo rei, pelos sacerdotes, pelo povo, pelas autoridades e pelos anciãos, 2Rs 22.8-20.
Do Livro encontrado se tiraram cópias, Dt 17.18-20. Os profetas reduziram as suas palavras a escrito, Jr 36.32, e eram familiarizados reciprocamente com os seus escritos que os citavam como padrões autorizados, Is 2.2-4; Mq 4.1-3.
A lei e os profetas eram tidos como produções autorizadas; inspiradas pelo Espírito Santo, e cuidadosamente guardadas por Jeová, Zc 1.4; 7.7,12.
Os dez mandamentos escritos em tábuas de pedra, e que eram a constituição de Israel, foram guardados em uma arca, Ex 40.20. Os estatutos foram registrados no livro do pacto, 20.23, até cap. 23.33; 24.7. O livro da lei, escrito por Moises, era colocado ao lado da arca, Dt 31.24-26. A esta coleção se ajuntaram os escritos de Josué, Js 24. 26.
Samuel escreveu a lei do reino e a depositou diante do Senhor, 1Sm 10. 25. No tempo do rei Josias, o livro da lei do Senhor, o bem conhecido livro, foi encontrado no Templo e reconhecido pelo rei, pelos sacerdotes, pelo povo, pelas autoridades e pelos anciãos, 2Rs 22.8-20.
Do Livro encontrado se tiraram cópias, Dt 17.18-20. Os profetas reduziram as suas palavras a escrito, Jr 36.32, e eram familiarizados reciprocamente com os seus escritos que os citavam como padrões autorizados, Is 2.2-4; Mq 4.1-3.
A lei e os profetas eram tidos como produções autorizadas; inspiradas pelo Espírito Santo, e cuidadosamente guardadas por Jeová, Zc 1.4; 7.7,12.
O Novo Testamento cita as “Escrituras” como escritos de autoridade religiosa, Mt 21.42; 26.56; Mc 14.49; Jo 10.35; 2Tm 3.16, como livros santos em Rm 1.2; 2Tm 3.15, e como Oráculos de Deus, em Rm 3.2; Hb 5.12; 1Pe 4.11; e menciona a tríplice divisão em Moisés, Profetas e Salmos, em Lc 24.44, cita e faz referências a todos os outros livros, exceto Obadias e Naum, Esdras, Ester, Cântico dos Cânticos e Eclesiastes.
Josefo que foi contemporâneo do apóstolo Paulo, cujos escritos datam do ano 100 A.D., falando do seu povo, diz: “Nós temos apenas 22 livros, contendo a história de todo o tempo, livros em que “nós cremos”, ou segundo geralmente se diz, livros aceitos como divinos”, e o mesmo escritor exprime em termos bem fortes, afirmando a exclusiva autoridade destes escritos, e continua, dizendo: “Desde os dias de Artaxerxes até os nossos dias, todos os acontecimentos estão na verdade escritos; ma estes últimos registros não têm merecido igual crédito, como os anteriores, por causa de não mencionarem a sucessão exata dos profetas. Há uma prova prática do espírito em que tratamos as nossas Escrituras; apesar de ser tão grande o intervalo de tempo decorrido até hoje, ninguém se aventurou a acrescentar, a tirar, ou a alterar uma única sílaba; faz parte da natureza de cada judeu, desde o dia em que nasce, considerar estas Escrituras como ensinos de Deus; confiar nelas, e, se for necessário, dar alegremente a vida, em sua defesa”.
Josefo que foi contemporâneo do apóstolo Paulo, cujos escritos datam do ano 100 A.D., falando do seu povo, diz: “Nós temos apenas 22 livros, contendo a história de todo o tempo, livros em que “nós cremos”, ou segundo geralmente se diz, livros aceitos como divinos”, e o mesmo escritor exprime em termos bem fortes, afirmando a exclusiva autoridade destes escritos, e continua, dizendo: “Desde os dias de Artaxerxes até os nossos dias, todos os acontecimentos estão na verdade escritos; ma estes últimos registros não têm merecido igual crédito, como os anteriores, por causa de não mencionarem a sucessão exata dos profetas. Há uma prova prática do espírito em que tratamos as nossas Escrituras; apesar de ser tão grande o intervalo de tempo decorrido até hoje, ninguém se aventurou a acrescentar, a tirar, ou a alterar uma única sílaba; faz parte da natureza de cada judeu, desde o dia em que nasce, considerar estas Escrituras como ensinos de Deus; confiar nelas, e, se for necessário, dar alegremente a vida, em sua defesa”.
O cânon do Novo Testamento (N.T.):
A igreja apostólica recebeu da igreja judaica a crença em uma regra de fé escrita.
Cristo mesmo confirmou esta crença, apelando para o Antigo Testamento como a palavra de Deus escrita, Jo 5.37-47; Mt 5.17,18; Mc 12.36; Lc 16.31, instruindo os seus discípulos nela, Lc 24.45.
Os apóstolos habitualmente referem-se ao Antigo Testamento como autoridade, Rm 3.2,21; 1Co 4.6; Rm 15.4; 2Tm 3.15-17; 2Pe 1.21.
Em segundo lugar, os apóstolos baseavam o seu ensino, oral ou escrito na autoridade do Antigo Testamento, 1Co 2.7-13; 14.37; 1Ts 2.13; Ap 1.3, e ordenavam que seus escritos fossem lidos publicamente, 1Ts 5.27; Cl 4.16,17, 2Ts 2.15; 2Pe 1.15; 3.1-2, enquanto que as revelações dadas à Igreja pelos profetas Inspirados, eram consideradas como fazendo parte, juntamente com as instruções apostólicas, do fundamento da Igreja, Ef 2.20.
Era natural e lógico que a literatura do Novo Testamento fosse acrescentada à do Antigo, ampliando deste modo o cânon de fé. No próprio Novo Testamento se vê a intima relação entre ambos, 1Tm 5.18; 2Pe 3.1,2,16.
Nas épocas pós-apostólicas, os escritos procedentes dos apóstolos e tidos como tais, foram gradualmente colecionados em um segundo volume do cânon, até se completar o que se chama o Novo Testamento.
Porquanto, desde o princípio, todo livro destinado ao ensino da Igreja em geral, endossado pelos apóstolos, quer fosse escrito por algum deles, quer não, tinha direito a ser incluído no cânon, e constituía doutrina apostólica. Desde os primeiros três séculos da Igreja, era baseado neste principio que se ajuntavam os livros da segunda parte do cânon.
A igreja apostólica recebeu da igreja judaica a crença em uma regra de fé escrita.
Cristo mesmo confirmou esta crença, apelando para o Antigo Testamento como a palavra de Deus escrita, Jo 5.37-47; Mt 5.17,18; Mc 12.36; Lc 16.31, instruindo os seus discípulos nela, Lc 24.45.
Os apóstolos habitualmente referem-se ao Antigo Testamento como autoridade, Rm 3.2,21; 1Co 4.6; Rm 15.4; 2Tm 3.15-17; 2Pe 1.21.
Em segundo lugar, os apóstolos baseavam o seu ensino, oral ou escrito na autoridade do Antigo Testamento, 1Co 2.7-13; 14.37; 1Ts 2.13; Ap 1.3, e ordenavam que seus escritos fossem lidos publicamente, 1Ts 5.27; Cl 4.16,17, 2Ts 2.15; 2Pe 1.15; 3.1-2, enquanto que as revelações dadas à Igreja pelos profetas Inspirados, eram consideradas como fazendo parte, juntamente com as instruções apostólicas, do fundamento da Igreja, Ef 2.20.
Era natural e lógico que a literatura do Novo Testamento fosse acrescentada à do Antigo, ampliando deste modo o cânon de fé. No próprio Novo Testamento se vê a intima relação entre ambos, 1Tm 5.18; 2Pe 3.1,2,16.
Nas épocas pós-apostólicas, os escritos procedentes dos apóstolos e tidos como tais, foram gradualmente colecionados em um segundo volume do cânon, até se completar o que se chama o Novo Testamento.
Porquanto, desde o princípio, todo livro destinado ao ensino da Igreja em geral, endossado pelos apóstolos, quer fosse escrito por algum deles, quer não, tinha direito a ser incluído no cânon, e constituía doutrina apostólica. Desde os primeiros três séculos da Igreja, era baseado neste principio que se ajuntavam os livros da segunda parte do cânon.
IMANENCIA DE DEUS
As Escrituras sustentam a imanência e a transcendência de Deus apresentando-o como muito próximo de nós, como sendo tão parecido conosco e mesmo como a criatura, que ele descreve a Si mesmo em termos deduzidos da existência do homem bem como da criação em geral. Embora aquele que fez o mundo e todas as coisas implicadas nisso certamente não resida em templos feitos com as mãos (Atos 17:24), ele "não está longe de cada um de nós: porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos" (vv. 27-28). Diretamente e além de toda a existência e atividade da criatura existe Deus. A voz do Senhor ressoa, quebra os cedros do Líbano e os faz saltar como um bezerro, separa as labaredas do fogo, faz tremer o deserto, faz parir as cervas, e descobre as brenhas. Ele se assentou sobre o dilúvio, e dará força ao seu povo (Salmos 29:3, 5-11).
O SENHOR desfaz o conselho dos gentios, quebranta os intentos dos povos. O conselho do SENHOR permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração. Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo ao qual escolheu para sua herança. O SENHOR olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens. Do lugar da sua habitação contempla todos os moradores da terra. Ele é que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras. Não há rei que se salve com a grandeza dum exército, nem o homem valente se livra pela muita força. O cavalo é falaz para a segurança; não livra ninguém com a sua grande força. Eis que os olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia; Para lhes livrar as almas da morte, e para os conservar vivos na fome. (Salmos 33:10-19) "Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes são suas. Seu é o mar, e ele o fez, e as suas mãos formaram a terra seca" (Salmos 95:4-5). "Os seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra viu e tremeu. Os montes derretem como cera na presença do SENHOR, na presença do Senhor de toda a terra" (Salmos 97:4-5). Ele se cobre de luz como de um vestido, estende os céus como uma cortina, põe nas águas as vigas das suas câmaras, faz das nuvens o seu carro, anda sobre as asas do vento, faz sair as fontes nos vales, as quais correm entre os montes para dar de beber a todo o animal do campo; os jumentos monteses matam a sua sede; rega os montes desde as suas câmaras, a terra farta-se do fruto das suas obras, faz crescer a erva, e traz comida para o homem e o gado, o vinho que alegra o coração do homem, azeite que faz reluzir o seu rosto, e pão que fortalece o seu coração. Ele ordena a escuridão, e faz-se noite; todas as criaturas na terra, no mar e no ar esperam dele que lhes dê o seu sustento em tempo oportuno (Salmos 104:2-3, 10-11, 13-27).
A verdade da imanência de Deus é a base dos freqüentes antropomorfismos nas Escrituras. Deus refere a si mesmo como face (Êxodo 33:20, 23); o salmista anseia contemplar a face de Deus na justiça (Salmos 17:15); o anjo da sua face (presença) os salvou (Isaías 63:9). Freqüentemente as Escrituras falam acerca dos olhos do Senhor (Salmos 11:4; 32:8; 34:15; Provérbios 15:3; Hebreus 4:13) e mesmo das suas pálpebras (Salmos 11:4). Elas fazem menção à menina dos seus olhos, dos seus ouvidos, nariz, boca, lábios, pescoço, braços, mão direita (ou simplesmente mão), dedo, coração, intestino, peito e pé. Diz-se dele como quem regozija, fica magoado, ofendido, temer a ira do inimigo, amar e odiar, ser misericordioso e ficar irado, ser ciumento e arrepender-se, esquecer e vingar-se. Ele se abaixa, menospreza, senta-se e aguarda, ele trabalha e descansa, ele vem e vai, ele caminha e encontra o homem, ele ignora e abandona, ele escreve e ratifica, ele sara e cobre as feridas, ele ri, ele zomba, fala, vê, ouve, inclina seu ouvido, mata e faz viver. Ele é descrito como um homem de guerra, pastor, homem forte, rei, legislador, construtor e artífice, sol e proteção dele, leão, águia, fogo consumidor, fonte de água viva, rocha, castelo forte, refúgio e abrigo, e mais. Tão grande é essa similaridade, e tão estreita é essa afinidade, que é possível Deus assumir carne humana, o infinito unir-se com o finito, o eterno prender-se ao tempo. "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós (e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai), cheio de graça e de verdade" (João 1:14).
TRANSCENDENCIA DE DEUS
Não é fácil definir o que se quer dizer por transcendência quando o termo é usado em relação a Deus. Desde Kant, os termos transcendente e transcendental têm se submetido ao emprego filosófico. Transcendência foi aplicado à especulação acerca do que reside além do escopo do entendimento humano, e portanto tornou-se sinônimo de incompreensível, ao passo que transcendental denota aquilo que a priori é relacionado a todo o conhecimento humano, aquilo que a priori condiciona toda experiência.
Na teologia, no entanto, transcendência é usada para denotar a supereminência de Deus sobre a criatura, uma supereminência que não é relativa, mas absoluta. Assim como a imanência de Deus significa que ele está no mundo e relacionado a ele, também a transcendência essencial de Deus significa que em si mesmo ele é infinitamente exaltado sobre o mundo e que há um abismo intransponível entre o mundo e Seu ser infinitamente glorioso. Ele é Deus. Ele é o absoluto. Ele transcende toda a existência e todas as relações da criatura.
Da mesma forma que não podemos admitir acerca da imanência de Deus como sendo aquela parte do Seu ser que está dentro dos limites do universo, não podemos pensar da Sua transcendência como a extensão infinita da Sua imanência no espaço infinito. Da mesma forma que a Sua imanência significa que ele está totalmente, com sua essência infinita, no universo e em toda parte, relação e momento, Sua transcendência implica que com Sua essência plena ele está acima do mundo e acima de todos os seus momentos e relações.
É verdade que as Escrituras freqüentemente descrevem Deus em termos que nos fariam pensar acerca dEle como estando infinitamente estendido tanto no espaço como no tempo. É dito que Ele está no céu, como sua residência típica: "Porventura Deus não está na altura dos céus? Olha para a altura das estrelas; quão elevadas estão!" (Jó 22:12). O céu, em distinção a terra, é Seu trono (Isaías 66:1; Mateus 5:34; Atos 7:49). "Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou" (Salmos 115:3). Somos ensinados a nos dirigir a Deus como "Pai nosso, que estás nos céus" (Mateus 6:9). Ainda, o céu e o céu dos céus não podem contê-lo (1 Reis 8:27; II Crônicas 2:6). Às vezes é mesmo deixada a impressão que Deus está no céu em distinção a terra, onde não está: "porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras" (Eclesiastes 5:2).
De tudo isso nós podemos concluir que Deus está muito acima de nós, no mais alto dos céus, mas ainda dentro do universo e do espaço criado, ao passo que a Sua essência igualmente se estende além dos limites máximos dos céus, num espaço infinito, algo extra-cósmico. O mesmo é verdade acerca da relação de Deus com o tempo. Não apenas lemos "Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus" (Salmos 90:2), mas freqüentemente é também deixada a impressão de que Deus muda em e junto da natureza mutável do tempo. Seu conselho é apresentado como pertencendo a um período anterior à fundação do mundo. No entanto nós não devemos esquecer que em todas essas expressões nas Sagradas Escrituras há um elemento antropomórfico.
Não há linguagem humana que possa expressar apropriadamente a natureza distintiva de Deus. Nós precisamos falar de Deus em termos de espaço e de tempo. Mesmo o termo transcendência é antropomórfico. Mas isso não significa que na teologia nós possamos definir Sua transcendência de forma tal que espaço e tempo sejam aplicados a ele. Mesmo o Catecismo de Heidelberg cuidadosamente evita qualquer noção desse tipo quando, em sua explicação do destinatário da Oração do Senhor, faz a pergunta "Por que é adicionado: Quem está no céu?" e dá a resposta "Que possamos não ter pensamentos terrenos da majestade celestial de Deus, e não esperemos da Sua onipotência todas as coisas necessárias ao corpo e à alma."
Nós precisamos, portanto, conceber a transcendência de Deus como essencial, isto é, como se referindo à supereminência absoluta e infinita do ser divino com relação a toda a criação. Isso remete ao todo da essência divina e a todos os seus atributos, não apenas àquelas virtudes de Deus que são distinguidas como incomunicáveis.
Os atributos incomunicáveis de Deus não podem ser dissociados dos atributos comunicáveis. Ou diferentemente, as virtudes ou perfeições incomunicáveis de Deus podem ser assumidos como atributos também de qualidades comunicáveis. Não há atributos em Deus que são eternos, incompreensíveis, invisíveis, infinitos e onipotentes, ao contrário de outros atributos temporais, compreensíveis, visíveis, finitos e limitados. As virtudes da Sua mente, vontade e poder são caracterizados pela mesma infinitude e inteireza das perfeições incomunicáveis.A transcendência de Deus, então, significa que ele é absolutamente supereminente em si mesmo e em todas as suas perfeições, que ele é o absoluto em distinção a toda a existência relativa, a eternidade e a infinitude em distinção a todo ser limitado, o ser puro e auto-existente, o imutável em distinção à criatura sempre mutável, o único ser simples em distinção a toda a variedade do universo. Embora estando muito próximo de nós em sua imanência, ele está longe de nós em sua transcendência. Embora estando por um ato do seu próprio arbítrio numa relação imediata com toda a criação, ele permanece em si mesmo absoluto. Embora sendo como nós, ele é "o Outro." Ele é Deus.
Recomendo a leitura!!!!!
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